segunda-feira, outubro 30, 2006

Marina Abramovic

A radical artista contemporânea, que pesquisava os limites físicos e mentais do corpo colocando em risco a própria vida em algumas obras - como em Rhytm (1974), trabalho no qual a artista se deita sobre uma estrela de cinco pontas em chamas e House (2002), no qual permaneceu 12 dias sem comer na galeria Sean Kelly, em Nova York -, volta-se a partir da segunda metade da década de 1990, afectada pelos conflitos dos Balcãs, sua terra de origem, para as questões da Sérvia e Montenegro, realizando a obra que lhe rendeu o Leão de Ouro em Veneza, Balkan Baroque (1997), no qual sentada sobre uma pilha de ossos de vaca, a artista, durante 6 horas de quatro dias seguidos, limpa-os com água, sabão e uma escova de metal, arrancando-lhes os últimos pedaços de carne e entoando algumas canções originárias da Sérvia e das ex-repúblicas Jugoslavas.


Balkan Erotic Epic (2005) é parte da grande retrospectiva, Balkan Epic, apresentada pela primeira vez em Janeiro de 2006, no Hangar Biccoca, em Milão. Em Balkan Epic, a cultura pagã da região balcânica é foco central da investigação de Abramovic. A mostra revela como o erotismo, por meio de rituais descobertos pela artista em manuscritos dos séculos 14, 15, 16 e início do 19, estava profundamente enraizado na cultura sérvia desde os tempos medievais. Esses textos apontam como os órgãos sexuais – femininos e masculinos – representavam para os camponeses instrumentos de cura, de prevenção de doenças, de fertilidade, uma forma de comunicação com os Deuses. “Pensei que seria bem interessante encenar estes rituais que nunca foram encenados anteriormente - existem apenas descrições - para compreender como os observamos atualmente, e tentar conectar este entendimento bastante primordial da sexualidade à compreensão atual”, ressalta Abramovic.

Balkan Erotic Epic é formado por uma instalação de sete vídeos, nos quais a artista retoma esses rituais pagãos sob um olhar contemporâneo. Há homens vestidos em trajes tradicionais, com erecção, olhando para a câmera. “São imagens que falam de orgulho nacional, energia muscular e energia sexual, como uma causa para a guerra, para desastres, mas também para o amor”, assinala. Há homens copulando com a terra, como se fossem amantes, mulheres massageando os seios enquanto contemplam o céu, encharcadas pela chuva, cobertas de lama, com a vagina abertamente exposta para a terra.

Marina Abramovic nasceu em Belgrado, na antiga Jugoslávia, em 1946. Actualmente vive e trabalha em Amesterdão, Holanda.

Exposição em S. Paulo
http://www.destricted.com/
Live Art performance by Marina Abramovic (Tate Modern, 29 March 2003)

Antonin Artaud



ratara ratara ratara
atara tatara rana

otara otara katara
otara retara kana

ortura ortura konara
kokona kokona koma

kurbura kurbura kurbura
kurbata kurbata keyna

pesti anti pestantum putara
pest anti pestantum putra

* * *

potam am cram
katanam anankreta
karaban kreta
tanamam anangteta
konaman kreta
e pustulam orentam
taumer dauldi faldisti
taumer oumer
tena tana di li
kunchta dzeris
dzama dzena di li

* * *

Talachtis talachtis tsapoula
koiman koima Nara
ara trafund arakulda

Abu Ghraib por Fernando Botero



O horror e o drama das torturas sofridas pelos prisioneiros iraquianos na prisão de Abu Ghraib à levou o artista plástico colombiano Fernando Botero a realizar uma série de pinturas sobre o tema.
São 50 desenhos e pinturas que representam sua raiva pelas torturas cometidas contra os prisioneiros iraquianos por soldados norte americanos.
Actualmente a exposição destes trabalhos está na Marlborough Gallery em Nova York.


imagens da exposição de Botero
vídeo sobre a exposição em veneza
entrevista com fernando botero

quarta-feira, outubro 25, 2006

Haikai _ Haiku




Silêncio:
cigarras escutam
o canto das pedras
matsuo bushô

A trepadeira trepou
pela corda do pocinho;
para não a molestar,
vai pedir-se água ao vizinho.
wenceslau de moraes

Porque o melhor, enfim,
é não ouvir nem ver...
passarem sobre mim
e nada me doer!
camilo pessanha

A noite esporeia
suas negras ancas
cravando-se estrelas
federico garcia lorca

A ociosa espada
sonha com suas batalhas
outro é o meu sonho
jorge luis borges

Pensar incomoda
como andar à chuva
quando o vento cresce...
alberto caeiro

Tocar um corpo
e o ar
e a língua de neve.
eugénio de andrade

Chuva no lago
cada gota
um lago novo
alice ruiz

Entre haicais e chuva
súbita inspitação:
um trovão
silvia rocha

sexta-feira, outubro 20, 2006

Dans la vie comme au théâtre...

Preferi fugir. Fugir do exterior. Fugir do interior, abandonar os locais. Refugiar-me na irrealidade. Não sabia bem o que queria: estar no hospital ou voltar a encontrar-me com o mundo. Pensava numa única coisa: não aturar os outros, nem os de fora nem os de dentro.

Decidi. A loucura escolhida escrita nas folhas, esta loucura feita com as minhas palavras e os meus desejos. Lancei-me no delírio como uma imensa extensão de água à minha frente, impelida e atraída pelo meu duplo. Os outros na margem, tentavam recuperar-me, interromper-me. Proibiam-me que ultrapassasse as fronteiras da decência. Investiam, seduziam-me com drogas, ameaçavam-me. Eu fugia para mais longe.

Caminho fora. Inspiro o desdém. Ninguém me vê. Acotovelam-me, tropeçam em mim. Peço desculpa, digo obrigado em voz baixa. Discreta, tímida ao sabor do burburinho. Anulo-me, escura, neutra, invisível, apago-me branca, suja, parda, preta. Tento coser-me com os muros. Os meus olhos cospem vapores sobre o mundo, uma boca de encontro ao vidro. É o meu sangue que se esvai em fumo. O meu sangue aquece e evapora-se. Os meus olhos com laivos de vermelho. Envergonhada, entro num corredor. As vassouras e os gritos das porteiras lançam-me fora. As escadas enceradas, as passadeiras às flores, as entranhas dos prédios são-me vedadas. Não subirei até ao cimo. Uma casa pequena embora, um sítio para repousar, um canto para descansar, uma cama para me deixar ficar, um buraco... Caminho. As pessoas fazem sinais, pensam que não sou bem como elas. Há qualquer coisa, não sabem exactamente o quê. Uma suspeita, uma impressão, é isso. Ou então, nem pensam nada.

EMMA SANTOS, excerto de "O Teatro"

terça-feira, outubro 17, 2006

no meio do caminho tinha uma pedra...




No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.

Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, outubro 03, 2006

COPYRIOT2 – gente sem patente contra-ataca


A criação não se defende impedindo a sua difusão. Normas mais rígidas não trarão mais criatividade. Para proteger a criação tem que se garantir os seus espaços, estimulá-la, incentivá-la, tenha ou não êxito comercial, apenas em virtude da sua condição de expressão da espiritualidade do ser humano, de cada um deles na sua infinita diversidade.

Local: Casa Viva, Praça do Marquês de Pombal, 167 – Porto

Informações: http://copyriot.azine.org/


Programa

05/10 (quinta-feira) Festa do Martelo
> 15h00 – Abertura das exposições
Exposição de fotografia e design gráfico de Tomás Antunes
Exposição Surpresa de Eduarda Sá-Andresen
Exposição “Ilustradores sem Patente”
Exposição "Os 7 Elementos" de Natz
> 17h00 – Cerimónia de descerrar do martelo
> 17h30 – Teatro/ Debate
“O Martelo de S. João Sugai® e os direitos de autor”
> 20h00 – Churrasco
vegetariano e a pagar - com vinho a martelo e jam session


06/10 (sexta-feira)
> 19h00 – Início da montagem da Loja Livre
> 22h00 – Cinema - "Sonic Outlaws" (v. o. inglesa)
> 24h00 – Spoken Word / performance teatral
de A. Pedro Ribeiro
> 01h00 – Combate de Djs – DJ Kim e convidado


07/10 (sábado)
> 16h00 – Cinema – "The Future of Food"
(leg. português)
> 17h00 – Conversa sobre OGM
> 19h00 – Loja Livre / Trocal
> 20h30 – Apresentação do Projecto Raízes
> 21h30 – Manjar
(vegetariano e a pagar) com emissão da Rádio O Trunfo é Copas a apresentar o novo (ou melhor, o último) trabalho dos Trashbaile
> 22h30 – Cinema - "7th Generation"
(leg. português)
> 00h00 – Concerto Hip Hop – Barrako 27 e convidados (abertura com Compilação InvictaRap - novos projectos de Hip Hop)
> Graffiti em tempo real
> 01h00 – DJ ZKA


Em inconstância permanente
> Exposições
> Vídeos Creative Commons
> "Elephants Dream"
(1º filme de animação inteiramente realizado com software livre)
> Linux (instalação e experimentação)
> Graffiti em tempo real com RC, Sketxz e Natz