sábado, dezembro 23, 2006

Murray Bookchin

Nasceu em Nova Iorque a 14 de Janeiro de 1921, filho de judeus russos emigrados. Ingressou aos 9 anos na juventude comunista, da qual foi expulso em 1937 por criticar Estaline. Após uma passagem pelo trotsquismo e pela actividade sindical como operário das fundições de aço de Nova Jersey viria, na década de 50, a sofrer a influência de militantes anarquistas emigrados que o iniciaram no pensamento libertário. Uma decepcionante experiência sindical no âmbito da CIO a par duma atitude crítica relativamente ao marxismo e a algumas versões do anarquismo conduziram-no a uma visão social da ecologia vinculada a uma opção política descentralizadora – o municipalismo libertário.

Deu assim uma expressão coerente e vigorosa a elementos presentes em grau variável em diferentes correntes do pensamento anarquista, pelo que se pode dizer que foi o fundador da moderna corrente anarco-ecologista. A falta de perspectiva ecológica do anarco-sindicalismo tradicional (reforçada talvez pela sua negativa experiência sindicalista) esteve na origem da sua animosidade para com esta corrente do pensamento libertário.

Por outro lado o seu municipalismo libertário é mais inovador na designação que no conteúdo, uma vez que a comuna, o município e o federalismo estão há muito presentes no pensamento libertário e até no republicano federal e monárquico liberal (v.g. Herculano). Talvez por procurar raízes em diferentes modelos históricos e assumir atitude relativamente pragmática o seu municipalismo libertário tenha sido acusado de menos coerente e até de “reformista”. É possível que a ideia municipalista, muito vinculada a uma estrutura político-administrativa de origem romana vigente no mundo dito ocidental, não seja tão facilmente aplicável noutras sociedades como as africanas, asiáticas e mesmo em áreas de população predominantemente indígena do continente americano.

Seja como fôr, Bookchin é indubitavelmente um dos grandes pensadores libertários do século XX e deixará uma pegada indelével na formulação teórica dum movimento de sua natureza multímodo, inquieto e irreverente (quiçá menos irreverente do que se julga). Livros como «The Ecology of Freedom”, “Urbanization without Cities» ou «Remaking Society” foram extremamente importantes para a minha formação como, certamente, para milhares doutras pessoas.

É importante assinalar que Bookchin foi essencialmente um autodidacta, obrigado a ganhar a vida como operário e não tendo podido aceder, pela modesta condição económica da sua família, a graus académicos. O que não o impediu de adquirir extensos conhecimentos, desenvolver as suas próprias teorias e fundar, em 1974, o Institute for Social Ecology (Vermont). Como não impediu a sua contratação para professor do Ramapo College de Nova Jersey. Publicou centenas de artigos e uma vintena de livros e foi um conferencista prolixo.

Faleceu aos 85 anos, por doença cardíaca, em 30 de Julho de 2006.

<<texto retirado da edição nº 219 de “A Batalha”>>

Porque Ecologia Social? http://www.achiame.net/textos/bookchin_ecologiasocial01.htm

Institute for Social Ecology http://www.social-ecology.org/

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Rossport

Há mais de um ano, militantes da WSM (Movimento de Solidariedade dos Trabalhadores) e do movimento libertário, se envolveram profundamente na luta de uma pequena comunidade rural na Irlanda, contra a construção de uma refinaria de hidrocarbonetos pelo consórcio da Shell, Marathon e Statoil, que é apoiado a rajadas pelo Estado irlandês.

A origem desta luta é o campo de gás de Corrib, no litoral do município de Maio, ao oeste da Irlanda. O gás foi descoberto e pertence a Enterprise Oil, do consórcio já mencionado. O governo ofereceu ás empresas prospectoras direitos de negócios exclusivos na exploração do campo de gás. Mas isso não é tudo, além do mais, eles poderão deduzir seus custos do pagamento de impostos, com isso quem financiará todo este processo na realidade serão os irlandeses com seus impostos, que, em troca, não receberão nada, nem sequer uma redução no preço do gás.

Para processar o petróleo, o consórcio recebeu uma permissão para construir um oleoduto desde o campo de gás até um local chamado Bellanaboy, sem o consentimento da comunidade local, que, razoavelmente, estão preocupados com as consequências de viver ao lado de uma refinaria, com os riscos que traria a sua saúde e segurança. O conteúdo transportado neste oleoduto não seria processado e se encontraria sob forte pressão. Mais ainda, para chegar na refinaria, atravessaria as terras da população local, que temem que qualquer estrago no oleoduto poderia destruir seus lares, com consequências fatais. Este não é um fato improvável, já que o oleoduto cruza terrenos húmidos e instáveis, numa área com tendência à enxurradas.

O mesmo terminal, com certeza, causará estrago em longo prazo, não só aos vizinhos, mas a toda a região. O processamento dos hidrocarbonetos, por definição, é extremamente prejudicial para o ecossistema, algumas estimativas sugerem que haverá emissões no ar de ao menos 30 milhões de pés cúbicos. O terminal se encontra só a dois quilómetros das fontes de água da região, e estas emissões se espalham com o vento. Além do mais, há que considerar as águas contaminadas que serão jogadas diariamente na baía de Broadhaven, fonte de vida para os pescadores e lugar de reprodução da vida silvestre. A drenagem para as águas contaminadas não foi construída para suportar chuvas intensas, pese que nesta parte da Irlanda chove quase sempre.

Isto significa que o prumo, níquel, magnésio, fósforo, cromo, arsénico, mercúrio, assim como o radónio (um gás radioactivo) acabariam nas fontes de água da área circundante.

Apesar das repetidas intenções da comunidade local para prevenir isto através do sistema legal, eles foram ignorados por um governo e um sistema judicial que age como mercenários da Enterprise Oil. No ano passado a Shell demandava aos fazendeiros locais que esses não podiam, legalmente, evitar o ingresso as suas terras para a construção do oleoduto que afectarão a eles e às suas famílias. Quando estes fazendeiros se recusaram a aguentar esta situação, então eles foram encarcerados. Este acto despertou a indignação pública e, finalmente, depois de 92 dias em prisão, estes homens foram libertados, poucos dias antes de um protesto nacional.

Por mais de um ano foi mantido um piquete no lugar da refinaria para postergar sua construção. Em Outubro deste ano, Enterprise Oil realizou um esforço organizado para dissolver a campanha local mediante o uso da força. Centenas de polícias foram levados para esta parte remota da Irlanda para prevenir a comunidade local para o bloqueio dos camiões e trabalhadores em trânsito ao lugar.

Esta operação, até agora, não parece bem sucedida já que, apesar de dissolverem o piquete, eles não quebraram o espírito de resistência. Aliás, a solidariedade mostrada por todo o povo da Irlanda, assim como o êxito do uso da acção directa em relação às medidas legais, endureceu a licença nesta campanha. Tomará vários anos de construção antes que a refinaria entre em operação, e ainda quando estará completa, o complexo terá que ser garantido eventualmente contra uma comunidade adversa. Colocado neste contexto, a tarefa da Enterprise Oil e o Estado são extremamente difíceis, e há esperanças para a vitória.

A WSM esteve activa na comunidade e na campanha nacional desde o seu início. Para nós, sua base está na acção directa; uma comunidade que luta pelo controle de seu ambiente e das decisões que os afecta. Como anarquistas, acreditamos que a única maneira de que a classe trabalhadora desenvolva a compreensão do capitalismo e o potencial de derrotá-lo, é por meio da luta. Por isso, sempre apoiamos e estimulamos à luta, e a vitória de Rossport será a vitória de todo o povo.

Ronan McHugh

(Extraído do nº1 de "Liberación", boletim em castelhano da WSM)

"Liberación" no formato PDF:
Rossport Solidarity Camp:
Reportagens em inglês, áudios, fotos e vídeos:

sábado, novembro 25, 2006

Mumia Abu-Jamal



Sábado, dia 9 de Dezembro, passam 25 anos do encarceramento de Mumia Abu-Jamal, e os 25 anos da sua resistência.


http://www.mumia.org/freedom.now/
http://www.freemumia.com/

A TUA TERNURA MOLOTOV

A Tua Ternura Molotov é uma comédia negra contemporânea que nos fala da frivolidade dos nossos dias. Esta peça, escrita em 2002 por Gustavo Ott, consagrado dramaturgo venezuelano bastante representado e premiado em diversos países mas totalmente desconhecido do público português, conta-nos a história de um casal de classe média alta em ascensão social.

Ele trabalha num prestigiado escritório de advogados e ela é apresentadora de notícias na televisão. Bem instalados na sociedade, já concretizaram muitos dos seus projectos de vida, querem agora ter um filho. Enquanto tentam procriar, o passado de Victória chega por correio numa encomenda do FBI. O casal entra em conflito. Começa aqui o enredo onde o que mais os preocupa é aquilo que dirão os outros. O segredo escabroso de Daniel, que em jovem trabalhou para uma associação de apoio a jovens em risco, também será revelado.

Um espectáculo irónico, com uma linguagem politicamente incorrecta, divertida e cruel que fala sobre o terrorismo, a intolerância social e religiosa, o cinismo dos princípios morais, a vergonha do passado, a insatisfação emocional da sociedade dos nossos dias. O ridículo de uma sociedade altamente preconceituosa que discursa sobre liberdade.


AL-MaSRAH Teatro _ Espaço da Corredoura – Tavira
Estreia Nacional 23 de Novembro de 2006
Espectáculos de 24 Nov. a 10 Dez.
Quintas, Sextas e Sábados – 21h30, Domingos – 18h00

quarta-feira, novembro 08, 2006

Bom Dia, Noite

Buongiorno, notte (2003)

Realizado por Marco Bellocchio

Roma, 1978, Chiara, terrorista jovem empenhada na luta armada, é acusada de estar envolvida no sequestro de Aldo Moro. Através dos seus olhos, vemos o universo complexo dos anos de luta. Ela leva uma vida normal no dia-a-dia: no escritório, com os colegas e com um amigo que a conhece muito bem. No entanto, no confronto com os seus colegas de luta, ela sente-se cada vez mais sozinha na sua luta ideológica, à medida que o passado e o presente abalam as suas certezas.
O belo filme que nos interroga sobre a normalidade e valores da vida contemporânea, cujo final resulta numa metáfora que não se esquece, como seria mais simples se a vida fosse um simples passeio matinal...

Dreams



TV On The Radio, Peter Murphy, Trent Reznor: Dreams


segunda-feira, novembro 06, 2006

oaxaca

Eram milhares as pessoas que participaram ontem na marcha convocada pela Assembleia Popular dos Povos de Oaxaca (APPO) para exigir a renuncia de Ulises Ruiz, governador do estado de Oaxaca, e a saida da Policia Federal Preventiva que desde á nove dias chegou á capital oaxaquenha por ordem do presidente mexicano Vicente Fox, com o de Fecal (o novo presidente Felipe Calderon). Os manifestantes gritaram "Ulises ya cayó, ya cayó!" e "Oaxaca no es cuartel, fuera ejército de él!".

Desde que em Maio os professores de Oaxaca iniciaram a luta por melhores condições laborais muita coisa se passou, a intransigência do governador do estado e a desocupação brutal das instalações onde os professores se encontravam em 15 de Junho, as perseguições e mortes causadas pela violenta repressão policial, levara uma revolta generalizada da população que exigue a demissão do governador Ulisses Ruiz.

No passado dia 27 de Outubro quatro pessoas morreram, entre as quais Bradley Hill jornalista norte-americano do Indymedia New York que se encontrava a registar os acontecimentos, em confrontos com individuos que se suspeitam de serem policias á civil, o levou o presidente Vicente Fox a ordenar o envio de forças federais para repor a "ordem" e acabar com as barricadas de forma "pacifica".

info:
http://www.anred.org/article.php3?id_article=1810
http://www.lahaine.org/index.php?blog=3&p=18289

página da asamblea popular de los pueblos de oaxaca
ver último vídeo de brad will

sábado, novembro 04, 2006

não esquecer Ken Saro-Wiwa onze anos após o seu assassinato...

No dia 10 de Novembro passam 11 anos sobre o assassinato de Ken Saro-Wiwa, activista Nigeriano que acusou o regime do ditador Sani Abacha e a Royal Dutch/Shell de cumplicidade nos abusos contra a tribo Ogoni, à qual pertencia.

As empresas petrolíferas Shell e Chevron arrasaram o delta do rio Níger. O escritor Ken Saro-Wiwa, do povo ogoni da Nigéria, denunciou­‑o num livro publicado em 1992: «O que a Shell e a Chevron fizeram ao povo ogoni, às suas terras e aos seus rios, aos seus riachos, à sua atmosfera, chega ao nível de um genocídio. A alma do povo ogoni está a morrer e eu sou sua testemunha».

Três anos depois, no começo de 1995, o director geral da Shell na Nigéria, Naemeka Achebe, explicou assim o apoio da sua empresa à ditadura militar que espreme esse país: «Para uma empresa comercial que se propõe realizar investimentos, é necessário um ambiente de estabilidade. As ditaduras oferecem isso». Uns meses mais tarde, no fim de 95, a ditadura da Nigéria enforcou Ken Saro-Wiwa. O escritor foi executado juntamente com outros oito ogonis, também culpados de lutar contra as empresas que aniquilaram as suas aldeias e reduziram as suas terras a um vasto deserto. E muitos outros tinham sido assassinados antes pelo mesmo motivo.


http://www.remembersarowiwa.com/index.htm
http://www.kensarowiwa.com/


sexta-feira, novembro 03, 2006

AC LE FEU: les cahiers de doléances



Les cahiers de doléances
collectif ACLEFEU


La synthèse Préambule
Notre collectif ACLEFEU (Association Collectif Liberté, Egalité, Fraternité, Ensemble, Unis) a vu le jour au lendemain des révo1tes sociales qui ont secoué le pays au mois de Novembre 2005, suite à la mort de deux de nos enfants, Bouna et Zyad, à Clichy sous bois. Pour que l’on puisse dire qu’ils ne sont pas morts pour rien, nous nous sommes fixés pour mission d’aller à la rencontre de la population dans toute sa diversité et de faire remplir aux gens des cahiers de doléances. Il s’agissait d’établir un rapport sous forme d’état des lieux et de propositions, que nous vous remettons aujourd’hui. A l’instar des sans culottes de la révolution française de 1789, notre démarche vise à faire remonter l’expression populaire auprès des édiles de la nation. L’histoire semble se répéter ; aujourd’hui comme hier, la notion centrale de la Révolution, est clairement perceptible dans ces cahiers : l’Égalité. Force est de constater que les semblants de tentatives successives de réduction des inégalités des différents gouvernements ont échoué, se heurtant tous au mur des privilèges. Comme par le passé, les crises se conjuguent : agricole, industrielle, commerciale, sociale… Elles ne font qu’accentuer l’inégalité entre les quelques privilégiés et les autres. Tandis que les riches peuvent se permettre de spéculer et de s’enrichir encore, un nombre croissant de personnes défavorisées n’a plus que le recours aux œuvres caritatives pour subsister. Il nous a donc semblé indispensable d’agir pour le cessez le feu, attendu que les meilleures armes pour se faire entendre restent encore la participation citoyenne à notre démocratie, et que le débat qui devrait nourrir le choix lors du scrutin, reste circonscrit à une partie de la société, celle qui s’en sort. Tous les citoyens devaient vraiment pouvoir prendre la parole et exprimer leurs besoins, leurs propositions, leurs espoirs. Nous avons sillonné le pays à bord de 2 bus affrétés pour l’occasion, posé nos tréteaux dans 120 villes de France et recueillies ainsi plus de 20 000 constats, doléances et plus encore de propositions. Les libres contributions ont porté sur le logement et le cadre de vie, l’emploi et la précarité, l’éducation et la petite enfance, la justice et les pratiques policières, la citoyenneté, le vote des immigrés et la politique, la situation des femmes, les questions intergénérationnelles et la communication, l’insécurité et l’environnement, la répartition des richesses et les inégalités, la santé et le handicape, les discriminations et l’exclusion, le transport et l’isolement, la culture, les religions, les loisirs. Nous nous sommes ensuite attachés à adopter une méthodologie permettant de traiter quantitativement et qualitativement, l’ensemble des témoignages collectés. Celle-ci met en exergue le nombre, l’âge, le lieu de résidence et les thèmes dominants. Dans cette synthèse, les thèmes seront abordés dans l’ordre des priorités telles qu’elles ont été exprimées. A ce jour, nous avons analysé près de 13 000 de ces contributions – le plus grand sondage qualitatif jamais réalisé ! - en tête desquelles arrivent dans l’ordre les revendications sur l’emploi, l’arrêt des discriminations et de l’exclusion, le logement, une justice équitable et le contrôle des pratiques policières, l’éducation et l’orientation. Loin de se désintéresser de la politique, nombre de ces personnes parmi lesquelles, une majorité âgée de 18 à 25 ans, ont exprimé l’exigence de voir les partis et leurs élus, être plus proches des habitants et des réalités. Depuis plusieurs années, tous les partis multiplient les forums, états généraux etc. … Mais toute cette bonne volonté ne semble pas avoir convaincu les classes populaires. L’abstention aux récentes élections ainsi que nos cahiers de doléances en sont la preuve. Nous espérons que ceux qui briguent à présider aux destinées de la France sauront tirer parti de ce que nous leur offrons ici, pour construire avec les habitants, en respectant leurs propositions, une politique juste et courageuse qui s’attaquerait en priorités aux causes de la précarité et de l’exclusion. De notre coté, nous avons fidèlement synthétisé les priorités, constats et propositions des cahiers de doléances. Dans les mois qui viennent, nous serons vigilants quant à l’usage que vous ferez de ces propositions populaires. Nous entendons peser de tout notre poids pour que les exclus s’inscrivent massivement sur les listes électorales et choisissent leur candidat en fonction de sa capacité à construire une politique en concertation avec les citoyens.
1. Emploi Dans notre société, qui n’a pas d’emploi est considéré comme pire que rien, comme un parasite vivant de l’aide sociale et de la solidarité nationale. Les cahiers de doléance sont remplis d’appels à l’aide déchirants, de milliers de personnes qui ne veulent que travailler. Mais l’on ne travaille pas à n’importe quel prix. Les qualifications doivent être reconnues, les salaires doivent être motivants, et surtout, surtout, l’emploi doit permettre de sortir de la précarité. Les gens ont besoin de se projeter, de s’installer, dans tous les sens du terme, dans la vie. Il faut donc des CDI, ceci revient dans presque chaque cahier de doléances. Leur lecture montre que la précarité à laquelle sont réduits beaucoup de travailleurs est d’autant plus insupportable que de nombreuses entreprises réalisent des bénéfices record. Les jeunes dénoncent le système pervers qui consiste à leur demander de l’expérience qu’on ne leur donne jamais l’occasion d’acquérir ; les discriminations raciales, d’autant plus que les personnes concernées ont poussé leurs études ; l’inadéquation de nombreux diplômes au marché du travail ; la difficulté à trouver des stages, qui trop souvent sont non rémunérés ou presque, alors qu’un travail est fourni, ou bien parfaitement inutiles … Après la mobilisation contre le CPE, que nombre d’entre eux évoquent, ils insistent sur le besoin de contrats stables. Le leitmotiv, c’est le sentiment que la France ne laisse pas sa chance à sa jeunesse. L’emploi, la principale préoccupation exprimée dans 2586 contributions La faiblesse des salaires, au regard notamment du prix des logements est souvent dénoncée, ainsi que le manque cruel d’emploi faiblement qualifié pour tous ceux qui n’ont pas réussi leurs études. À ce niveau de qualification, la faible différence de revenu entre le SMIC et le RMI est dénoncée comme très démotivante. Ceux qui ont du travail dénoncent les licenciements abusifs, la faiblesse du salarié face au patron, en terme de droit du travail, et tout le monde est choqué par les délocalisations. Les principales propositions des cahiers de doléances. • Une loi qui crée un quota minimum de salariés de moins de 25 ans dans les entreprises. • Hausse du SMIC et des salaires. Redistribution des bénéfices en salaires, primes ou actions. • Une Allocation d’Autonomie pour les jeunes de 18 à 25 ans en formation ou en insertion. • Lutter contre les contrats précaires, et en particulier arrêter de proposer des solutions précaires aux situations précaires. • Développer le CDI, seul contrat sécurisant pour les classes populaires, qui permet de se projeter dans l’avenir (crédits, logement etc.). • Contrôle de l’égalité des salaires entre hommes et femmes. • Formation obligatoire et aux frais des entreprises au droit du travail. Création massive de postes d’inspecteurs du Travail, pour assurer cette mission et renforcer celle de contrôle des entreprises. • Lutte contre les licenciements abusifs. • Faire participer les salariés à la gestion des entreprises ou leur donner de véritables moyens de contrôle. • Lutte contre les délocalisations et remboursement des aides reçues par les entreprises. • Accompagnement des personnes fragiles, refonte et développement pour la « Validation des Acquis de l’Expérience » et pour la formation continue. • Renforcer les services publics d’aide à l’emploi et à l’insertion professionnelle, et aide massive aux associations chargées d’insertion. • Pour la jeunesse, création d’une banque nationale d’aide à la création d’entreprise par des jeunes. • Rétablissement des emplois jeunes, qui doivent être qualifiants et dont le recrutement doit être mieux étalés en terme de qualification initiale (recruter certains avant le bac, pour certains postes) • Plus de place en BTS et en IUT. Ceux qui souhaitent des études courtes et professionnalisant, ou qui n’ont pas les moyens de faire des études longues, ne doivent pas aller à la fac au seul motif qu’ils et elles n’ont pas eu de place dans les filières courtes. Il faut aussi une meilleure couverture géographique des filières en BTS et en IUT. • Pour développer l’expérience, il faut encourager les stages, mais ils doivent être utiles et correctement rémunérés. Les entreprises ne devraient pourtant pas avoir plus d’un certain taux de stagiaires. • Le permis de conduire, indispensable dans de nombreux emplois, coûte beaucoup trop cher ! Il faut que l’apprentissage de la conduite soit assuré dans le cadre scolaire. • Les syndicats de salariés doivent aussi comprendre qu’une génération est en train d’être sacrifiée, ceux qui n’ont jamais travaillé ou alors très peu et dans des conditions très précaires, et qu’ils doivent aussi se mobiliser pour cette jeunesse populaire.
2. Discriminations racistes Trop, trop, trop de discriminations racistes ! Les cahiers de doléances sont dramatiquement clairs sur cette question : plus de la moitié des cahiers l’évoquent, et une partie substantielle des personnes qui les dénoncent, le font manifestement par solidarité, en parlant de l’expérience vécue par des amis par exemple. La discrimination n’est pas la seule affaire des noirs et des arabes, au contraire, une prise de conscience généralisée s’est faite, dans la jeunesse, mais aussi bien au-delà. Ceux qui évoquent la discrimination qu’ils ont eux-mêmes subie décrivent un véritable enfermement dans la précarité, en matière d’emploi ou de logement, une discrimination quotidienne et permanente, qui brise, pour ceux qui ont de 15 à 35 ans, tout espoir de s’en sortir, malgré les efforts et les diplômes universitaires. Une illustration de la déclinaison territoriale de la discrimination raciste.De nombreuses personnes rapportent leurs expériences vexatoires, en matière d’emploi (recruteurs qui ne rappellent même pas pour dire qui le poste ne sera pas donné, sentiment pour les hauts diplômés d’être mis à l’écart et bloqués dans leur progression … D’autres évoquent l’impossibilité de s’émanciper de ses parents qui en découle, soit en ne trouvant pas de travail soit en n’ayant pas accès au logement ni public ni privé (pour les célibataires). Les discriminations sont également dénoncées dans les cahiers lorsqu’elles frappent dans le domaine des loisirs. Au final, les cahiers de doléances dessinent l’image d’une France complètement gangrenée par ces discriminations. C’est certainement pour la jeunesse le premier enjeu politique dans la période électorale qui s’ouvre. La discrimination : Nombre de doléances qui évoquent les discriminations par classes d’âges. Un phénomène principalement dénoncé par les jeunes âgés de 18 à 25 ans.La discrimination positive et le CV anonymes ont suscité des avis partagés : la plupart les dénoncent, mais certains les proposent, en désespoir de cause, comme ultime moyen d’accéder à l’emploi. Les principales propositions des cahiers de doléances. • Il faut qu’en matière de discrimination soient prononcées des peines très lourdes, qui fassent peur aux bailleurs ou aux employeurs, fondées sur le constat que la discrimination brise la vie des personnes. Il faut que les plaintes soient prises en compte, que les parquets poursuivent, et que les juges condamnent réellement. Qu’enfin la loi soit appliquée et qu’enfin la justice protège les victimes. • Il faut garantir l’égal accès aux services publics, ce qui implique des établissements scolaires de bon niveau et en bon état, des policiers à l’écoute de la population et prêts à lui venir en aide, des missions locales, centres de sécu etc. … dans les quartiers défavorisés, avec des personnels aussi polis et motivés et expérimentés qu’ailleurs … • Les diplômes étrangers doivent être reconnus à fonction égale, salaire égal. Par ailleurs, trop de cadres, d’entrepreneurs ou de professeurs étrangers sont contraints de travailler dans le bâtiment ! • Lancement d’une grande campagne médiatique de dénonciation et de sensibilisation contre les discriminations avec les méthodes et les moyens de la sécurité routière (médiatiques et recherche d’impact). • Politique d’aide à l’intégration (pour les primo arrivants, pas pour des français !). • Développement à l’école d’apprentissages valorisant les différentes cultures, notamment au travers de l’art, de la littérature et de l’histoire. Les auteurs maghrébins et Africains devraient faire partie des programmes de Français, par exemple. • Augmenter et pérenniser les moyens des associations d’éducation et de lutte contre le racisme et les discriminations. • Les média doivent faire un gros effort. Lutter contre les discriminations implique un changement des mentalités, et en particulier de l’image inquiétante des jeunes de banlieues qu’ils diffusent. • Enseigner une Histoire partagée et plus juste (sur la colonisation et les traites).
3. Logement & cadre de vie Ce n’est pas une surprise, les problèmes de logement font partie de ceux les plus souvent évoqués, qu’il s’agisse de la difficulté à trouver un logement, de l’état de délabrement des logements sociaux et de certaines copropriétés (insalubrité), y compris les parties communes (ascenseurs dangereux), et les espaces extérieurs, de l’inadaptation des logements, ou du problème général du coût prohibitif des logements, de la lourdeur des charges, ou encore de tout cela à la fois. Mais les doléances évoquent aussi avec insistance le manque de mixité sociale et raciale des grands ensembles, le non-respect de la loi SRU (« Solidarité et Renouvellement Urbain » : les 20% de logements sociaux par commune), le calcul de l’APL hors charges, et sur des salaires touchés plus d’un an auparavant, le problème spécifique du logement des jeunes et des étudiants, avec en particulier des chambres de cité universitaire minuscules et dans un état déplorables, le logement des immigrés récents, clandestins ou non, par des marchands de sommeil … Le logement des jeunes est un problème qui revient avec insistance dans les cahiers : ceux-ci ne réussissent pas, même après 25 ans, à partir de chez leurs parents. Environnement Lorsque les cahiers évoquent la question de l’environnement c’est pour faire allusion aux dangers multiples et angoissants qui menacent notre planète. Le réchauffement climatique, la pénurie, le partage et la qualité de l’eau, la pollution … Les personnes sont plus directement préoccupées par les problèmes de nuisances sonores, de sécurité alimentaire, la qualité de l’air en zone urbaine. Propositions : • Pénalisation des entreprises polluantes. • Favoriser les produits biodégradables et / ou recyclables. • Education à l’environnement et aux comportements qui limitent les nuisances à autrui (bruit, déchets …). • Favoriser la recherche et la mise en œuvre des énergies alternatives énergies fossiles et au nucléaire. Les conditions de vie (environnement, délabrement, hauteur des immeubles et distance entre eux, squat des hall par des jeunes qui n’ont aucun autre lieu …) et l’hygiène (détritus …) dans les cités ou les cités Universitaires sont très souvent dénoncées. Il en est de même, pour les grandes cités, du manque de commerce de proximité et de service public. Les problèmes de voisinages, produits de la précarité, de la mauvaise insonorisation et du délabrement de l’habitât sont régulièrement évoqués. Le manque de logement, alors que de très nombreux logements privés ou publics sont vides est dénoncé avec insistance. L’existence de famille et de travailleurs salariés et pourtant sans abris revient dans les cahiers comme le summum de l’injustice. Les principales propositions des cahiers de doléances. • Création d’un droit constitutionnel au logement. • Définition d’un « plan Marshall » pour le logement. • Respect des obligations de la Loi SRU, sans dérogation : suspension ou inéligibilité des maires récalcitrants. • Dispersion des HLM dans la ville (fin des grandes cités, des grandes tours ou grandes barres collées les unes aux autres). • Décloisonner les grands ensembles, faciliter les accès aux centres-villes. • Mise en place d’une politique de mixité sociale. • Développer les commerces de proximité et répartir les services publics et culturels dans toute la ville. • Revalorisation de l’APL et mise en œuvre d’un droit spécifique favorisant l’accès au logement par les jeunes. • Loi d’encadrement des loyers privés et des conditions d’attribution. • Limitation des hausses de loyers en fonction de l’évolution des salaires, et rétablissement d’un ratio raisonnable entre loyers et salaires. • Création d’une caisse nationale d’assurance sociale pour les cautions. • Constructions de nouveaux logements sociaux (en HLM), de toutes les tailles, dans des petites unités de logement, avant de procéder à des destructions. • Réquisition des logements et bureaux vides. • Allocation d’Autonomie pour les jeunes en formation ou en insertion qui leur permette de s’installer seul ou en couple. • Des efforts en matière d’environnement et de cadre de vie dans les réhabilitations ou les nouvelles constructions de logements sociaux. • Création d’emplois pour l’entretien des cités par des jeunes de la cité. • Créer des cadres de concertation entre bailleurs sociaux et habitants. • Contrôle du rapport entre les charges et le loyer, et contrôle sur les syndics, au travers d’une commission départementale du logement qui associe pouvoirs publics, bailleurs privés et locataires. • Condamnations judiciaires des marchands de sommeil. • Accompagnement des locataires en difficulté pour payer les loyers.
4. Justice En ce domaine, il faut que la France et ses élites se rendent compte du niveau de crise atteint. Les cahiers de doléances sont l’expression d’une criante et désespérée demande de justice. Prisons Les cahiers de doléances font état des conditions honteuses de détention dans les prisons françaises, ce qui est de notoriété publique depuis de nombreuses années sans que l’on ne fasse rien, notamment à cause de la surpopulation carcérale. Les détenus, quoi qu’ils aient fait, sont des humains, et si la présomption d'innocence s’applique à tous, alors comment accepter que la majorité des détenus soient en préventive, dans de telles conditions de surcroît. Les doléances pointent également l’abandon de facto des politiques de formation et de préparation à la réinsertion, l’essentiel des programmes ayant été fermés. Enfin, et surtout, les cahiers insistent sur la primauté de la prévention sur la répression en matière de délinquance, en particulier pour les mineurs, et sur les facteurs économiques et sociaux. Voir les thèmes inégalités, logement, emploi, éducation, police. Propositions : • Privilégier la prévention et les alternatives à l’incarcération. • Développer le travail de réinsertion dans les prisons et les formations diplômantes ou qualifiantes. • Payer décemment le travail des prisonniers. • Définir une vraie politique de libération conditionnelle. • Développer les parloirs familiaux, garantir l’intimité et un environnement adapté aux enfants pendant les visites. • Arrêter de répondre par l’incarcération à la maladie mentale. Ces personnes ont besoin de soins en hôpital psychiatrique. • Mettre fin à la politique de ghettoïsation ethnique dans les prisons. • Création de postes d’éducateurs, notamment spécialisés dans l’insertion professionnelle, de psychologues, de médecins, dans les prisons.Toutes les faillites de l’institution judiciaire sont dénoncées, et en particulier l’inégalité économique qui frappe les classes populaires comme une quintuple peine : la qualité de la défense et l’issue du procès dépend largement des honoraires que l’on peut payer à son avocat, les magistrats méprisent et traitent de façon paternaliste ces mêmes personnes, dont les affaires sont déjà considérées comme mineures par les policiers dès l’enregistrement de la plainte, les personnes issues des classes populaires souffrent parfois violemment de la lenteur d’une procédure dont leur avenir dépend. Les jeunes se voient souvent appliquer les principes d’une « tolérance zéro » qui ne leur laisse jamais de seconde chance, qui les marquent à vie comme délinquant même s’il ne s’agissait que de bêtise d’adolescence, quand ceux qui sont coupables d’abus de bien sociaux ou publics portant sur des sommes faramineuses, sont à peine inquiétés, retrouvent un poste de PDG ailleurs ou reprennent leur carrière politique quelques années plus tard, si d’aventure ils ont été condamnés … La justice ne condamne pas la discrimination raciale, pourtant fléau endémique, ou alors difficilement, et à des peines ridicules. La discrimination brise la vie de milliers de personnes, les prive d’avenir et d’espoir. Les cahiers de doléances montrent que l’essentiel des personnes ne croient pas à la possibilité de se voir rendre justice sur cette question. Ainsi, c’est le sentiment d’avoir à faire à une justice de classe et de « race » qui se dessine. L’interpellation revient comme un leitmotiv au fil des cahiers : une justice plus juste ! Les principales propositions des cahiers de doléances. • Promotion de la diversité des origines (sociale, culturelle et ethnique) dans le recrutement des magistrats et des autres membres du tribunal, par exemple sur le modèle de l’IEP de Paris. Réformer le recrutement pour que les magistrats soient moins coupés de la réalité qu’ils ont à juger. (suppression de la limite d’âge …) • Accélération du traitement des affaires par les tribunaux. • Gratuité de la justice, refonte du système des honoraires des avocats. • Application des lois à tous, sans privilèges de position, de richesse … • Privilégier le travail éducatif du juge des enfants plutôt que de mettre la pression à l’augmentation des mises sous écrous.
5. Pratiques Policières Insécurité Les cahiers de doléances parlent très peu de l’insécurité, contrairement à ce que les médias nous rapportent quotidiennement. Les Classes populaires, qui subissent le plus l’insécurité n’en font pourtant pas une priorité, au regard des questions cruciales pour leur avenir comme l’emploi, l’éducation, les discriminations … L’insécurité au quotidien, telle que nous la raconte les cahiers, ce sont avant tout des gamins turbulents, capables de vandalisme qui s’ajoute aux difficultés du quotidien (bris de vitre des voitures pour voler une bricole, abribus …), violents dans leurs rapports entre eux et aux autres, certainement très malappris et insolents, mais pas la « racaille extrêmement violente et sauvage » dont ont peur ceux qui ne la voient qu’au travers des médias. Contrairement au discours officiel, les personnes qui ont rempli les cahiers fustigent la tranquillité dans laquelle les trafiquants en tout genre « exercent leur métier », au vu et su de tous, et de la police. S’attaquer aux trafics sans soupçonner l’ensemble de la population d’un quartier, c’est bien à cela que doit servir un travail d’enquête sérieux. Propositions : • Instaurer un délit ou un crime spécifique : « entraînement de mineur dans la délinquance » ou dans la criminalité (visant ceux qui payent des mineurs pour faire les guetteurs, passeurs etc. …). • Lutter contre les réseaux parallèles, en visant vraiment les têtes, sans considérer que tout le quartier est forcément complice. • Traiter la délinquance comme un effet du regroupement des défavorisés et donc de larges populations de jeunes, oisifs, en rupture scolaire et hors projet d’insertion : c’est la question des grands ensembles, et celle de l’échec scolaire qui peuvent seules réduire les comportements délictueux. • Défendre la mission avant tout éducative du tribunal pour enfant, et maintenir le principe de l’incarcération en dernier recours. • Créer massivement des postes d’éducateurs spécialisés et d’animateurs.Les cahiers de doléances sont loin de revendiquer la suppression de la police ou de se muer en appels aux armes ou à la justice privée, comme le voudrait l’imaginaire d’une population globalement délinquante que certains diffusent. Les manières de la police sont malgré tout particulièrement dénoncées, et il est important de ne pas balayer cela d’un revers de main : ce sont autant les filles que les garçons, chez les jeunes, qui décrivent des contrôles incessants de la part de policiers qui en outre les connaissent déjà personnellement, des insultes comme substitut aux formules usuelles de politesse, des coups et bousculades malheureusement trop fréquentes. Les plus âgés le dénoncent également en masse, et dans les cahiers, nombreux sont les témoignages de violence contre des mères accompagnées de jeunes enfants ou contre des travailleurs qui rentrent tard et ne « zonent » pas de nuit. Le sentiment concernant la police est que ses missions n’ont plus rien à voir avec l’ordre public et la protection de la population, mais bien avec le contrôle social ou le contrôle racial. Les principales propositions des cahiers de doléances. • Les violences policières et les insultes doivent être réprimées, ce qui implique pour commencer de prendre en considération les plaintes des victimes. • La police devrait être exemplaire. En cas de bavure, les sanctions doivent être extrêmement lourdes. • Les gardes à vue, moments de tous les abus, doivent être intégralement filmées. • Distinction des corps d’exécution (police) et d’inspection (IGS et IGPN), pour que le corps d’inspection soit désolidarisé des policiers et indépendant, notamment par la création d’une autorité supérieure comportant des représentants de citoyens. • Favoriser la transformation de la police vers plus de représentativité de la diversité française. • Meilleure formation des fonctionnaires de police. • Rétablissement de la police de proximité, et de cadres de dialogue local. • Développement d’un discours fort affirmant que «l’uniforme» de banlieue (baskets, casquettes, survêtements) ne désignent pas nécessairement des délinquants. • Meilleure répartition géographique des policiers expérimentés (à ne pas confondre avec gradés). • Faire évoluer la Commission Nationale de Déontologie et de Sécurité pour une saisine plus facile et pour qu’elle intègre des citoyens.
6. Éducation &Culture L’école n’est pas le seul lieu d’acquisition du savoir. Les territoires ne sont pas égaux en matière d’équipements culturels : l’accès au théâtre, au cinéma d’art et d’essai, aux bibliothèques et médiathèques, aux musées est bien plus facile dans les quartiers aisés que dans les quartiers populaires. Propositions : • Développer les équipements culturels dans les quartiers populaires, sans faire des choix soit disant adaptés à la population : les enfants des quartiers populaires doivent accéder à la « grande » culture autant que les autres, ils n’ont pas besoin qu’on sélectionne pour eux, de manière paternaliste, ce qui leur convient. • Valoriser dans les programmation des grandes institutions culturelle françaises (Comédie Françaises, BNF, Musées …) les arts et la cultures de tous les pays et tous les peuples, notamment ceux qui ont fournis de nombreux migrants en France. Au travers des cahiers de doléances, les critiques contre l’école sont nombreuses. Toutes en fait se résument au sentiment que l’école au mieux ne brise pas ou plus les prédestinations sociales, au pire qu’elle contribue à les renforcer. Au banc des accusés, on retrouve d’abord les politiques d’orientation précoce qui imposent des choix définitifs que l’on regrette ensuite, souvent pour évacuer au plus vite les élèves en difficulté, et le manque d’information sur l’orientation y compris à l’université ; le manque criant de moyens de l’Éducation Nationale ; le manque de lien entre les formations et le monde du travail à l’université ; le mensonge de la méritocratie qui ne permet pas aux meilleurs des collèges et lycées dits sensibles de vraiment s’en sortir ; les effectifs trop importants dans les classes ; l’absence d’accompagnement individuel des élèves en difficulté ou qui ne peuvent trouver d’aide chez eux ; la faiblesse des bourses, dans le secondaire et le supérieur, qui sont très loin de couvrir tous les frais, et dont les plafonds de revenus sont scandaleusement bas, sans rapport avec la réalité économique ; le coût des études, en particuliers des frais d’inscription à la fac et plus encore dans les écoles de commerce et les grandes écoles ; les ZEP, dont la plupart appellent à la suppression au profit d’établissements de bon niveau pour tous et toutes, tant l’étiquette ZEP est désormais synonyme d’échec et de relégation, et non pas d’aide : parfois il s’agit de fermer les collèges et lycées concernés, parfois d’abandonner le dispositif. Pour une part minoritaire mais significative des personnes qui se sont exprimées, le rapport à l’école est très hostile : sentiment que l’institution est accusatrice et stigmatisante envers les parents, qu’elle n’a jamais cherché à comprendre les problèmes de l’enfant ou de la famille, ou encore que les enseignants ou l’institution pratiquent la discrimination raciale. Pour cette fraction de la population qui a probablement le plus besoin de son aide, l’école est devenue une source de violence sociale supplémentaire bien plus qu’un refuge. Les principales propositions des cahiers de doléances. • Petite enfance Concernant la petite enfance, c’est bien sûr la difficulté à trouver une place en crèche, et parfois son coût qui sont dénoncées dans les cahiers de doléance. Propositions : • Augmentation des places en crèche. • Privilégier les crèches collectives et mixtes (quant aux origines) • Création de haltes-garderies. • Baisser les coûts des modes de gardes.Augmenter le budget de l’éducation nationale. • Créer des postes d’enseignants supplémentaires. • Augmenter les Bourses, réviser à la hausse les plafonds d’attribution. • Abaisser les effectifs par classe. • Favoriser l’accès des élèves issus des classes populaires aux grandes écoles. • Renforcer les moyens en matière d’orientation pour que les élèves puissent avoir un référent ou un tuteur qui les accompagne vraiment dans leurs choix, et réformer le rôle du conseiller d’orientation, afin de privilégier le maintien en scolarité et dans le cursus général ; lutter contre la discrimination dans l’orientation. • Lutter contre l’échec scolaire et refuser la facilité des orientations techniques ou professionnelles précoces liées à l’échec scolaire. Soutenir et valoriser les cursus techniques et professionnels pour que ces formations soient réellement de qualité, qualifiantes et choisies. • Développer l’aide éducative et psychologique avec maintien dans la scolarité. • Aider et impliquer les familles en difficulté face à l’éducation (faible niveau de qualification, précarité et faiblesse des revenus, familles monoparentales …) au travers de médiateurs, psychologues, éducateurs, interprètes … • Associer réellement les élèves à la gestion des établissements. • Concernant les ZEP : les uns demandent leur suppression tant le dispositif leur semble inefficace, stigmatisant et discriminant ; les autres appellent à leur renforcement afin d’atteindre une réelle efficacité pour la réussite de tous. • Création d’une allocation autonomie pour les jeunes de 18 à 25 ans en formation ou en insertion. • Renforcer l’instruction civique (voir thème citoyenneté). • Voir le thème emploi pour ce qui concerne la formation continue etc. ...
7. Religion L’islam est sali par les médias, des personnalités « intellectuelles » ou politiques. Dans les cahiers de doléance, ceux qui s’expriment sur la religion parlent de l’islam. Si certains regrettent la loi d’interdiction du voile à l’école, l’essentiel des cahiers sur ce sujet évoquent l’inégalité que subit l’islam en France (concernant les lieux de culte, les cimetières …), les effets secondaires de la loi sur le voile en terme de regard social, de discrimination dans le monde de l’entreprise ou à l’embauche, et surtout, l’amalgame permanent entre islam et islamisme, islam et terrorisme, et l’idée sous-jacente que les musulmans ne seraient pas loyaux à la France et à la République. Beaucoup font le constat du nombre insuffisant de mosquées et par conséquent, du développement anarchique de salles de prière dans des lieux inadaptés, ce qui pourrait laisser le champ libre aux mouvements les plus radicaux. Il en est de même de l’absence de cursus de formation des imams en France. Si une partie des doléances regrette la place « marginale » des religions dans la société, une autre estime à l’inverse que la religion devrait rester strictement confinée au domaine privé. Les principales propositions des cahiers de doléances. • Lutter contre les obstacles multiples mis à l’acquisition des terrains nécessaires à la construction de mosquées, d’établissements scolaires religieux, et contre la rétention de permis de construire et des autorisations d’ouvrir. • Favoriser les moments d’informations et d’échanges sur les religions, les actions œcuméniques afin de faire connaître les points de convergence et surtout de lutter contre les amalgames, en particulier dans les médias. • Harmoniser les pratiques religieuses de manière nationale. • Appliquer strictement la loi de 1905, qui garantit parfaitement la liberté de culte et protège l’espace public et les athées.
8. Répartition des richesses Les personnes qui ont rempli les cahiers de doléances sont nombreuses à évoquer un sentiment d’injustice né du constat que les riches s’enrichissent et que les pauvres s’appauvrissent. Au-delà de l’exclusion qui frappe une grande partie de la population, c’est pour ceux qui semblent appartenir à la classe moyenne, la crainte de la paupérisation et du déclassement social, qui s’exprime fortement. En outre, on peut noter, en particulier pour les moins de 18 ans, que la société de consommation telle que présentée par les médias, a induit une représentation déformée de la société française et notamment une surévaluation du pouvoir d’achat moyen. Le rôle des médias dans cette course aux signes extérieurs de richesse nous semble déterminant. Les doléances soulèvent souvent le sentiment d’être exclu du partage des fruits de la croissance. Les bénéfices colossaux, les taux de retour sur investissement plus haut que jamais, les réalisations de stock options pour des sommes qui dépassent l’imagination accréditent l’idée que ça ne va pas mal pour tout le monde, d’autant plus que les pouvoirs publics se préoccupent manifestement plus d’abaisser les prélèvements fiscaux (élévation des plafonds de l’ISF) de ces quelques privilégiés, que de lutter contre la pauvreté. En outre, de nombreuses personnes dénoncent l’inflation massive depuis le passage à l’Euro et par conséquent une baisse substantielle du pouvoir d’achat. Les principales propositions des cahiers de doléances. • Loi de régulation des spéculations financières et impôt beaucoup plus lourds sur les revenus spéculatifs. • Assises des cotisations sociales sur les salaires et sur les bénéfices. • Arrêt de la politique de privatisation des services publics. • Mise en œuvre d’une meilleure redistribution pour une meilleure répartition des richesses. • Création d’une banque nationale populaire offrant des prêts sans intérêts pour les plus défavorisés et des micro crédits. • Loi et moyens financiers pour une véritable aide au développement des pays pauvres.
9. Citoyenneté & Politique Un très fort désir d’implication citoyenne apparaît dans les cahiers de doléances. Mais la politique traditionnelle est très décriée : « On n’y comprend rien ! » est la ritournelle, à laquelle on ajoute le manque de respect des engagements pris, le manque de proximité et d’écoute, de consultation et de prise en compte des citoyens et de leurs besoins. Le sentiment que la « classe politique » est une caste privilégiée (économiquement et au plan judiciaire) revient régulièrement. Une large part des classes populaires ne se sent pas représentée. L’âge avancé des hommes politiques est évoqué comme principale source du gouffre. Néanmoins, le manque de métissage des responsables politiques est pointé lorsque le problème de la discrimination est évoqué. C’est parfois la trop grande professionnalisation de la politique qui est dénoncée et l’on propose de supprimer l’ENA. Dans le même objectif, il y a de nombreux appels à l’interdiction du cumul des mandats, pour laisser de la place aux « nouveaux français », et pour une réforme des institutions, parfois pour une sixième république. La démocratie participative et locale est plébiscitée, les personnes qui se sont exprimées souhaitent des cadres de débats. Elles dénoncent le manque d’information et de formation aux questions politiques, comme la laïcité ou les questions économiques et sociales. Concernant les étrangers, les cahiers appellent au droit de vote des immigrés, ainsi qu’à une politique de régularisation des sans-papiers. Concernant les médias, de nombreuses personnes dénoncent leur manque d’indépendance politique et économique. Les principales propositions des cahiers de doléances. • Loi organisant le contrôle de la réalisation des promesses de campagne. • Droit de vote pour les immigrés. • Politique de régularisation des sans-papiers. • Décompte des votes blancs et nuls aux élections. • Développer l’usage du référendum pour les grandes décisions. • Réformer les institutions et changer de République. • Renforcer l’Éducation Civique à l’école et mettre en œuvre un programme d’éducation à la citoyenneté pour les 13-25 ans. • Programme de sensibilisation à la laïcité. • Application de la loi à tous : les élus doivent être sanctionnés comme les autres. • Création d’espaces de débats, développement de la démocratie participative. • Création de comités de quartiers concernant les décisions et orientations locales. • Mise en place de panneaux d’information dans les quartiers populaires. • Généralisation et renforcement des conseils municipaux des jeunes, pour leur donner des espaces de parole. • Renforcer l’indépendance des médias.
10. Santé Les cahiers de doléances évoquent en particulier le coût des soins, notamment les médicaments non remboursés. Concernant la CMU, les cahiers de doléances dénoncent le plafond d’attribution trop bas : de nombreuses personnes n’y ont pas droit mais n’ont pas les moyens pour une complémentaire santé, ce qui rend l’accès à de nombreux soins difficile (optique, orthodontie, spécialistes…). Les discriminations commises par de nombreux médecins libéraux qui refusent les patients bénéficiant de la CMU ou de l’AME sont pointées du doigt, ainsi que les fermetures de dispensaires et de petites unités hospitalières. Les jeunes filles expriment le besoin d’un accès facilité à des consultations gynécologiques dans un cadre accueillant et rassurant, permettant un suivi dans la durée, et à des coûts raisonnables. Elles n’ont pas toutes la chance de pouvoir obtenir de l’aide et du soutien de la part de leur mère, en matière de prévention, de contraception, ou dans les moments difficiles. La faiblesse des moyens et l’inefficacité de la médecine de prévention scolaire est également pointé du doigt. Le problème le plus souvent évoqué concerne la santé au travail. Les conditions de travail des classes populaires sont encore souvent très violentes pour le corps et le psychisme (pression à la productivité, harcèlements), entraînant de nombreuses maladies professionnelles non reconnues, du stress... Il est extrêmement difficile de faire reconnaître les handicaps liés au travail, en particulier pour tous ceux qui sont mal armés face aux démarches complexes et aux multiples embûches de l’administration. Les personnes victimes d’accidents du travail ont également du mal à être reconnues ; Elles sont mal protégées face aux difficultés économiques qui découlent de leur accident. Un certain nombre de personnes évoquent le problème de la maladie mentale d’un de leur proche. Ils reprochent le manque d’accompagnement et de solutions de prise en charge, et l’incarcération de nombreux malades mentaux. Les plus fragiles parmi les personnes qui ont remplis les cahiers de doléances évoquent la question des insuffisances de la prévention épidémique et toxicologique, en terme de moyens et d’information. Les personnes confrontées à la misère évoquent le problème de la malnutrition. Les cahiers de doléances s’insurgent enfin contre le pouvoir et les bénéfices des grands laboratoires pharmaceutiques, notamment quant à leur rôle néfaste en matière de lutte contre les maladies qui frappent les populations non solvables, en France et à l’étranger. Les principales propositions des cahiers de doléances. • Loi pour une meilleure protection sociale et économique des personnes souffrant de maladie et de handicapes consécutifs au travail. • Inverser la politique actuellement orientée à la réduction de la solidarité nationale : forfait hospitalier, parts non remboursées des consultations et des médicaments, et déremboursement de médicaments : revenir vers une prise en charge à 100% par les caisses de solidarité des travailleurs. A défaut, relèvement du plafond de revenus pour l’attribution de la CMU. • Mettre en œuvre une vraie politique de prévention sanitaire, en milieu scolaire, professionnel, et ouvrir des centres d’information et de prévention dans les quartiers populaires. • Augmenter le budget de la santé. • Certains proposent de supprimer le système du médecin traitant et en particulier l’obligation d’une consultation préalable chez le généraliste. • Lutter contre les discriminations à l’encontre des bénéficiaires de la CMU et des AME dans la médecine libérale. • Loi instaurant la lutte contre la malnutrition. • Développement d’un vrai secteur public de recherche et de production pharmaceutique. • Interdire la prise en compte de données médicales dans le calcul des risques par les compagnies d’assurance et les banques (assurance vie, attribution de crédits…). • Création de dispensaires modernes et de qualité dans les quartiers populaires et maintien des petites unités hospitalières territoriales. • Campagne de sensibilisation et de responsabilisation sur le coût de la santé.
11. Les femmes Les contributions sur la situation des femmes soulignent trois grands thèmes : 1. L’égalité hommes / femmes dans le monde du travail en matière de rémunération et de promotion ; la précarité subie en terme de temps partiel et la discrimination à l’embauche liée à la « menace » de grossesse. 2. Les jeunes filles expriment très fortement l’exigence du respect auquel elles ont droit quelque soit leur tenue vestimentaire, leur choix de vie, leur orientation personnelle (qu’il s’agisse du droit d’avoir une vie sentimentale et sexuelle libre ou d’adhérer à un modèle religieux ou traditionnel quel qu’il soit) et professionnelle. 3. La protection des femmes contre les violences et l’exploitation. Il faut offrir un cadre de protection (éloignement et logement, insertion économique, aide linguistique si nécessaire, aide psychologique et éducative) pour les femmes victimes de mariage forcé ou pour celles qui souhaitent sortir de la polygamie, celles qui sont victimes de sexisme, coups, violences conjugales, asservissement, agression sexuelle et viol, et pour les femmes étrangères victimes des réseaux de traite des êtres humains (esclavagisme moderne ou prostitution). Les familles monoparentales dans les quartiers populaires (essentiellement des femmes seules avec enfants) sont littéralement abandonnées à leur sort. Les principales propositions des cahiers de doléances. • Mettre en place un véritable contrôle de la parité des salaires avec des sanctions. • Sanctionner les entreprises dans lesquelles, statistiquement, la progression de carrière des femmes est plus lente et celles dans lesquelles elles n’ont de fait, pas accès aux postes de direction. • Organiser une grande campagne d’information sur le droit des femmes, d’incitation au respect et contre le sexisme (notamment dans la pub). • Création d’associations et d’actions éducatives en direction des jeunes garçons, notamment pour mettre en évidence l’apport que l’émancipation des femmes peut leur apporter. • Lutter contre les discriminations ou les insultes liées aux jugements de valeur sur le physique et les tenues vestimentaires (mini jupe ou voile). • Organiser dans les commissariats un accueil adapté aux femmes victimes de viols et de violences sexuelles pour ne pas ajouter un traumatisme et une violence supplémentaire. • Organiser un réseau national de lieux d’information, d’accueil et de prise en charge. • Renforcement de l’allocation parent isolé en faveur des familles monoparentales, et l’étendre jusqu’à la fin des études. De même pour les allocations familiales. • Ouverture de foyers d’accueil supplémentaires.
EPILOGUE Vous venez de prendre connaissance de l’essentiel des éléments recueillis durant les rencontres citoyennes que notre collectif ACLEFEU a réalisé suite aux « révoltes sociales » de l’automne 2005. La volonté de vivre dignement conformément à la devise de la République – Liberté, Egalité, Fraternité - est sans conteste la priorité de ceux qui se sont exprimés à travers les cahiers de doléances, sur tout le territoire. A la lecture de ce document, il est indéniable que toutes les personnes rencontrées expriment un profond « mal être » qui résulte notamment de l’absence d’écoute des attentes des habitants. C’est pourquoi il est extrêmement important que dès à présent, vous entrepreniez la démarche de redresser la France. Les gens souffrent non pas d’une difficulté unique, mais de plusieurs, qui anéantissent leur moral. L’accumulation de ces difficultés et l’absence de perspectives meilleures les démotivent. Le travail effectué est représentatif de la diversité des citoyens, quelque soit leur âge, origine, profession, conviction personnelle, religieuse ou politique, leur lieu de résidence. Les cahiers de doléances rassemblent la parole de toutes celles et ceux qui ont souhaité exprimer leurs exigences et leurs besoins, à destination de la classe politique, qui préside au bon fonctionnement et à l’application des valeurs de la République. Ce recueil de témoignages révèle une accumulation de négligences ou de carences. Néanmoins, les doléants veulent croire encore en la République et dans ses valeurs. Les Français sont solidaires les uns des autres et souhaitent participer « ensemble et unis » à une transformation positive de la société. Ils entendent désormais utiliser leur droit de vote, examiner la concordance entre vos programmes et leurs attentes, puis l’efficacité de votre action. Décidés à devenir les acteurs de ce changement, ils attendent de vous que vous meniez les actions nécessaires à l’amélioration de leurs vies au quotidien, que vous les écoutiez, que vous les impliquiez. A vous de transcrire ces propositions en actions concrètes en proposant les moyens de les rendre réalisables. Ils sont convaincus de l’intérêt que vous porterez à leur parole, et que votre action tiendra compte de leurs propositions même si elles ne sont pas formatées dans le langage précis des spécialistes. Certaines peuvent paraître naïves de prime abord, mais elles expriment les besoins et les espoirs des petites gens. C’est au nom de toutes les personnes qui se sont exprimées et de toutes celles qui croient en un avenir meilleur que le collectif ACLEFEU vous transmet modestement ce document. Les électeurs et les autres sont impatients d’en voir les résultats. Pour notre part, dès demain, nous lancerons une grande campagne d’inscription sur les listes électorales. Mais l’histoire des cahiers de doléances ne s’arrêtera pas là. Dans les mois qui viennent, nous saurons vous rappeler les revendications et les espoirs qu’ils portent. Nous approfondirons l’analyse par régions, classes d’âges, par genre… Fait à Clichy-sous-Bois le 22 octobre 2006 par le collectif ACLEFEU.

http://aclefeu.blogspot.com/


vídeo manif "les-cahiers-de-doleances", Paris 25 Outubro de 2006

http://www.dailymotion.com/tag/aclefeu/video/xjqhp_les-cahiers-de-doleances

outras informações:
http://www.labanlieuesexprime.org/sommaire.php3
http://zonedecologiepopulaire.org/spip.php?article6

segunda-feira, outubro 30, 2006

Marina Abramovic

A radical artista contemporânea, que pesquisava os limites físicos e mentais do corpo colocando em risco a própria vida em algumas obras - como em Rhytm (1974), trabalho no qual a artista se deita sobre uma estrela de cinco pontas em chamas e House (2002), no qual permaneceu 12 dias sem comer na galeria Sean Kelly, em Nova York -, volta-se a partir da segunda metade da década de 1990, afectada pelos conflitos dos Balcãs, sua terra de origem, para as questões da Sérvia e Montenegro, realizando a obra que lhe rendeu o Leão de Ouro em Veneza, Balkan Baroque (1997), no qual sentada sobre uma pilha de ossos de vaca, a artista, durante 6 horas de quatro dias seguidos, limpa-os com água, sabão e uma escova de metal, arrancando-lhes os últimos pedaços de carne e entoando algumas canções originárias da Sérvia e das ex-repúblicas Jugoslavas.


Balkan Erotic Epic (2005) é parte da grande retrospectiva, Balkan Epic, apresentada pela primeira vez em Janeiro de 2006, no Hangar Biccoca, em Milão. Em Balkan Epic, a cultura pagã da região balcânica é foco central da investigação de Abramovic. A mostra revela como o erotismo, por meio de rituais descobertos pela artista em manuscritos dos séculos 14, 15, 16 e início do 19, estava profundamente enraizado na cultura sérvia desde os tempos medievais. Esses textos apontam como os órgãos sexuais – femininos e masculinos – representavam para os camponeses instrumentos de cura, de prevenção de doenças, de fertilidade, uma forma de comunicação com os Deuses. “Pensei que seria bem interessante encenar estes rituais que nunca foram encenados anteriormente - existem apenas descrições - para compreender como os observamos atualmente, e tentar conectar este entendimento bastante primordial da sexualidade à compreensão atual”, ressalta Abramovic.

Balkan Erotic Epic é formado por uma instalação de sete vídeos, nos quais a artista retoma esses rituais pagãos sob um olhar contemporâneo. Há homens vestidos em trajes tradicionais, com erecção, olhando para a câmera. “São imagens que falam de orgulho nacional, energia muscular e energia sexual, como uma causa para a guerra, para desastres, mas também para o amor”, assinala. Há homens copulando com a terra, como se fossem amantes, mulheres massageando os seios enquanto contemplam o céu, encharcadas pela chuva, cobertas de lama, com a vagina abertamente exposta para a terra.

Marina Abramovic nasceu em Belgrado, na antiga Jugoslávia, em 1946. Actualmente vive e trabalha em Amesterdão, Holanda.

Exposição em S. Paulo
http://www.destricted.com/
Live Art performance by Marina Abramovic (Tate Modern, 29 March 2003)

Antonin Artaud



ratara ratara ratara
atara tatara rana

otara otara katara
otara retara kana

ortura ortura konara
kokona kokona koma

kurbura kurbura kurbura
kurbata kurbata keyna

pesti anti pestantum putara
pest anti pestantum putra

* * *

potam am cram
katanam anankreta
karaban kreta
tanamam anangteta
konaman kreta
e pustulam orentam
taumer dauldi faldisti
taumer oumer
tena tana di li
kunchta dzeris
dzama dzena di li

* * *

Talachtis talachtis tsapoula
koiman koima Nara
ara trafund arakulda

Abu Ghraib por Fernando Botero



O horror e o drama das torturas sofridas pelos prisioneiros iraquianos na prisão de Abu Ghraib à levou o artista plástico colombiano Fernando Botero a realizar uma série de pinturas sobre o tema.
São 50 desenhos e pinturas que representam sua raiva pelas torturas cometidas contra os prisioneiros iraquianos por soldados norte americanos.
Actualmente a exposição destes trabalhos está na Marlborough Gallery em Nova York.


imagens da exposição de Botero
vídeo sobre a exposição em veneza
entrevista com fernando botero

quarta-feira, outubro 25, 2006

Haikai _ Haiku




Silêncio:
cigarras escutam
o canto das pedras
matsuo bushô

A trepadeira trepou
pela corda do pocinho;
para não a molestar,
vai pedir-se água ao vizinho.
wenceslau de moraes

Porque o melhor, enfim,
é não ouvir nem ver...
passarem sobre mim
e nada me doer!
camilo pessanha

A noite esporeia
suas negras ancas
cravando-se estrelas
federico garcia lorca

A ociosa espada
sonha com suas batalhas
outro é o meu sonho
jorge luis borges

Pensar incomoda
como andar à chuva
quando o vento cresce...
alberto caeiro

Tocar um corpo
e o ar
e a língua de neve.
eugénio de andrade

Chuva no lago
cada gota
um lago novo
alice ruiz

Entre haicais e chuva
súbita inspitação:
um trovão
silvia rocha

sexta-feira, outubro 20, 2006

Dans la vie comme au théâtre...

Preferi fugir. Fugir do exterior. Fugir do interior, abandonar os locais. Refugiar-me na irrealidade. Não sabia bem o que queria: estar no hospital ou voltar a encontrar-me com o mundo. Pensava numa única coisa: não aturar os outros, nem os de fora nem os de dentro.

Decidi. A loucura escolhida escrita nas folhas, esta loucura feita com as minhas palavras e os meus desejos. Lancei-me no delírio como uma imensa extensão de água à minha frente, impelida e atraída pelo meu duplo. Os outros na margem, tentavam recuperar-me, interromper-me. Proibiam-me que ultrapassasse as fronteiras da decência. Investiam, seduziam-me com drogas, ameaçavam-me. Eu fugia para mais longe.

Caminho fora. Inspiro o desdém. Ninguém me vê. Acotovelam-me, tropeçam em mim. Peço desculpa, digo obrigado em voz baixa. Discreta, tímida ao sabor do burburinho. Anulo-me, escura, neutra, invisível, apago-me branca, suja, parda, preta. Tento coser-me com os muros. Os meus olhos cospem vapores sobre o mundo, uma boca de encontro ao vidro. É o meu sangue que se esvai em fumo. O meu sangue aquece e evapora-se. Os meus olhos com laivos de vermelho. Envergonhada, entro num corredor. As vassouras e os gritos das porteiras lançam-me fora. As escadas enceradas, as passadeiras às flores, as entranhas dos prédios são-me vedadas. Não subirei até ao cimo. Uma casa pequena embora, um sítio para repousar, um canto para descansar, uma cama para me deixar ficar, um buraco... Caminho. As pessoas fazem sinais, pensam que não sou bem como elas. Há qualquer coisa, não sabem exactamente o quê. Uma suspeita, uma impressão, é isso. Ou então, nem pensam nada.

EMMA SANTOS, excerto de "O Teatro"

terça-feira, outubro 17, 2006

no meio do caminho tinha uma pedra...




No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.

Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, outubro 03, 2006

COPYRIOT2 – gente sem patente contra-ataca


A criação não se defende impedindo a sua difusão. Normas mais rígidas não trarão mais criatividade. Para proteger a criação tem que se garantir os seus espaços, estimulá-la, incentivá-la, tenha ou não êxito comercial, apenas em virtude da sua condição de expressão da espiritualidade do ser humano, de cada um deles na sua infinita diversidade.

Local: Casa Viva, Praça do Marquês de Pombal, 167 – Porto

Informações: http://copyriot.azine.org/


Programa

05/10 (quinta-feira) Festa do Martelo
> 15h00 – Abertura das exposições
Exposição de fotografia e design gráfico de Tomás Antunes
Exposição Surpresa de Eduarda Sá-Andresen
Exposição “Ilustradores sem Patente”
Exposição "Os 7 Elementos" de Natz
> 17h00 – Cerimónia de descerrar do martelo
> 17h30 – Teatro/ Debate
“O Martelo de S. João Sugai® e os direitos de autor”
> 20h00 – Churrasco
vegetariano e a pagar - com vinho a martelo e jam session


06/10 (sexta-feira)
> 19h00 – Início da montagem da Loja Livre
> 22h00 – Cinema - "Sonic Outlaws" (v. o. inglesa)
> 24h00 – Spoken Word / performance teatral
de A. Pedro Ribeiro
> 01h00 – Combate de Djs – DJ Kim e convidado


07/10 (sábado)
> 16h00 – Cinema – "The Future of Food"
(leg. português)
> 17h00 – Conversa sobre OGM
> 19h00 – Loja Livre / Trocal
> 20h30 – Apresentação do Projecto Raízes
> 21h30 – Manjar
(vegetariano e a pagar) com emissão da Rádio O Trunfo é Copas a apresentar o novo (ou melhor, o último) trabalho dos Trashbaile
> 22h30 – Cinema - "7th Generation"
(leg. português)
> 00h00 – Concerto Hip Hop – Barrako 27 e convidados (abertura com Compilação InvictaRap - novos projectos de Hip Hop)
> Graffiti em tempo real
> 01h00 – DJ ZKA


Em inconstância permanente
> Exposições
> Vídeos Creative Commons
> "Elephants Dream"
(1º filme de animação inteiramente realizado com software livre)
> Linux (instalação e experimentação)
> Graffiti em tempo real com RC, Sketxz e Natz

quarta-feira, setembro 20, 2006

afinal o que importa...



Numa altura em que as almas religiosas se incendeiam por causa do discurso do Papa na sua Universidade alemã, nada melhor que ouvir dois deuses pagãos da pop, David Bowie e Marianne Faithful, a lembrar o que que importa...

Porque "afinal o que importa não é bem o negócio nem o ter dinheiro ao lado de ter horas de ócio"!!!

sexta-feira, setembro 15, 2006

Natacha Atlas: a senhora que inventou o Etno-pop





Natacha Atlas
A senhora que inventou o Etno-pop
Casa da Música, Sala Suggia, dia 28 de Setembro 2006, 22h

NOVA DATA - 8 NOVEMBRO | 22H00
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

O Porto vai poder assistir, no dia 28 de Setembro, a um espectáculo único de Natacha Atlas - considerada a percussora do "Etno pop" - tendo liderado (nos anos 80) o grupo Transglobal Underground. Um espectáculo absolutamente a não perder.

Oriunda duma família descendente do Egipto, Marrocos e Palestina, filha de mãe inglesa e pai egípcio, Natacha Atlas serve-se da sua voz sensual e misteriosa para fundir a cultura musical indo-árabe com outros géneros do norte de África e do Ocidente.
Natacha Atlas é uma cantora cujo estilo musical mistura sonoridades do Médio Oriente e do Norte de África com a música electrónica, interpretando a maior parte das suas canções em árabe, mas cantando também em inglês, francês e castelhano.
No seu quinto álbum a solo, "Something Dangerous", a diva do "etno pop" rendeu-se mais ao inglês e produziu um trabalho mais acessível aos ouvidos "ocidentais" - trazendo à tona colaborações com nomes grandes da música eletrónica, como é o caso de Andy Gray e Xenomania, uma belíssima colaboração com Sinead O'Connor.
Este encontro do acústico com o processamento eletrónico imprime uma força especial às composições de Natacha Atlas - cujo resultado deste último disco é, de resto, o menos étnico e mais pop de todos os sues anteriores álbuns

terça-feira, agosto 22, 2006

que farás se...

Que farás
Se te deixarmos ir para casa
E o plástico estiver todo derretido
E o Cromo também...
Quem são os polícias do cérebro?
Que farás
Quando o rótulo se desprender
E o plástico estiver todo derretido
E demasiado mole o cromo...
Quem são os polícias do cérebro?
Que farás
Se as pessoas que conhecias
Forem o plástico derretido
E o cromo também?
Quem são os polícias do cérebro?


Frank Zappa - "Freak Out", 1966

segunda-feira, agosto 14, 2006

quebrar o silêncio...

após tanto barulho é tempo de quebrar o silêncio,
quebrar o silêncio para não esquecer!
podemos ter várias interpretações sobre um determinado assunto,
mas a perspectiva de como encaramos um dado facto
não altera a realidade desse acontecimento...
num verdadeiro combate entre david e golias,
saber qual é quem ou quem é o quê
não apaga o rasto de morte e destruição, de sofrimento...
podem-se perdoar as pessoas mas nunca os estados!

sexta-feira, julho 14, 2006

palestina: um holocausto no século xxi?


http://www.bubbleshare.com/album/46717/overview

El cinismo de Israel y sus aliados
En la madrugada de ayer el Ejército israelí volvió a entrar en Gaza matando a una veintena de personas, entre ellas un matrimonio y siete de sus hijos ­con edades entre 4 y 16 años­ cuya casa fue destruida. Por la tarde, se produjo un nuevo ataque que causó al menos otras cinco víctimas mortales. Estas acciones de Israel, totalmente contrarias al derecho internacional y a las múltiples resoluciones de la ONU sobre la zona, no originaron ninguna reacción en las cancillerías occidentales. Sin embargo, la captura de dos soldados israelíes en una zona ocupada de Líbano, a cargo de las milicias de Hizbulah, dio lugar a la rápida reacción de la Unión Europea y Estados Unidos. La primera exigió la liberación inmediata de los soldados ocupantes y «contención» a las partes, mientras que la Casa Blanca se ponía de inmediato de parte de Tel Aviv y extendía sus acusaciones a Siria e Irán.
La captura de los militares israelíes ha sido entendida por la población palestina, y por aquellos que en la zona defienden sus reivindicaciones, como la única forma de lograr que Israel entre en una negociación sobre la situación de los miles de prisioneros palestinos, entre ellos numerosos menores de edad. A la vista de que las potencias mundiales cierran los ojos ante las atrocidades que comete Israel, los palestinos y quienes apoyan su causa tratan de dar con sus propias fórmulas para defenderse. Así puede entenderse, por ejemplo, que frente a la versión de los hechos que se ofrece en Occidente, los expertos del Consejo de Ministros de Interior de los Países Arabes, reunidos ayer en Túnez, calificaran de «acto de terrorismo de Estado» la invasión de las tropas israelíes en el sur del Líbano y consideraran que las capturas de militares, tanto por Hizbulah como por Hamas, constituyen «acciones legítimas de resistencia a la invasión».
Por contra, la llamada de Israel a Naciones Unidas solicitando que haga cumplir a Líbano las resoluciones sobre el desarme de Hizbulah son de un cinismo hiriente, cuando el Gobierno israelí no sólo incumple las resoluciones que le afectan a él, sino que invade el sur de Líbano cuando lo considera oportuno, viola el espacio aéreo de los estados vecinos en clara actitud amenazante y secuestra a miembros del legítimo Gobierno palestino. Y todo indica que la situación todavía puede empeorar. Sus últimas actuaciones y advertencias sobre Líbano anuncian un incremento de la crisis en la zona cuyas consecuencias no son todavía previsibles.



Editorial de Gara (13.07.06)
Gara